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Por que eu traduzo?

Pourquoi je traduis?

Eu traduzo porque as palavras fazem parte de mim. Não se trata somente do falar, ler e ouvir. As palavras fazem parte de mim, assim como a tinta faz parte do pincel ou um lápis do papel.

A descoberta das palavras em mim começou com os estudos de Filosofia, com a tentativa de compreender a relação entre as palavras e as coisas, a exatidão e a subjetividade desta relação. No início, o aprendizado tradutório foi uma espécie de brincadeira a qual participava a Filosofia em suas diversas formas: como sophia, mas também como a possibilidade de unir o impensável — juntar os pensamentos literários aos matemáticos, as palavras às coisas, as línguas às línguas e os ditos aos não ditos.   

Mas, já naquela época, as palavras já faziam parte de mim de uma outra forma. Estavam em mim graças à escrita... Graças ao prazer de escrever. Ver o mundo e encontrar histórias em uma folha caíndo ou criar uma história ao ver uma senhora caminhando. Entre as palavras e as coisas há tantas coisas que acontecem! Coloca-se um pouco de francês aqui, um pouco de português acolá e um novo mundo de possibilidades se abre.

Contudo as palavras não estavam em mim sozinhas. Misturadas à arte, faziam parte do meu universo. A vida não podia passar sem beleza. Foi então que a tradução caiu em cima da minha cabeça, como a maçã caíra em cima da cabeça de Newton: oh, que evidência! Enfim eu podia escrever e pensar as palavras, a estrutura das palavras juntas, numa lógica óbvia. Na tradução literária, eu podia traçar as obras com as cores do Brasil, sem esconder as cores da França, como em uma pintura em aquarela! Dali em diante as palavras morariam em mim unidas à filosofia, à escrita, à leitura como se estivessem de mãos dadas numa ciranda e não como se coabitassem.

Então eu me tornei tradutora de profissão.

​Até mesmo os dicionários dizem que profissão rima com formação e foi por isso, para sempre aprender novas técnicas de como trabalhar com as palavras, que eu comecei uma formação em tradução literária. Hoje eu posso pintar e formular com mais segurança, mas estou sempre em busca de novas formações que enriqueçam a mim e ao meu trabalho: escrita de contos, técnicas de tradução, língua inglesa, ...

​Descobri que há muitas mais palavras em mim que eu imaginava. Elas são todas coloridas. Hummm... eu coloco um pouco de azul na tradução técnica para evidenciar as balizas da tradução em tecnologia da informação, coloco o vermelho nos lábios da tradução em marketing e o verde para as folhas das traduções em turismo. Em seguida eu corrijo os tons de azul, vermelho e verde. Enfim tudo se resolve, eu olho tomando distância e digo:

— O quadro ficou bonito, não?

Je traduis parce que les mots font partie de moi. Il ne s’agit pas uniquement de parler, lire et entendre. Les mots font partie de moi telle quelle l’encre fait partie du pinceau ou un crayon à papier du papier.


La découverte des mots en moi a commencé avec les études de Philosophie, avec la tentative de comprendre la relation entre les mots et les choses, la précision et la subjectivité de cette relation. A son début, l'apprentissage de la traduction était une sorte de jeu auquel la philosophie dans ses diverses formes participait: en tant que sophia, mais aussi en tant que possibilité de joindre des impensables - joindre les pensées littéraires aux mathématiques, les mots aux choses, les langues aux langues et les dits aux non-dits.


Mais, à cette époque-là les mots faisaient déjà partie de moi d'une autre manière. Ils étaient en moi par l'écriture ... Par le plaisir de l'écriture. Voir le monde et trouver des histoires en regardant une feuille tomber ou créer une histoire en regardant une dame marcher. Entre les mots et les choses, il y a tellement de choses qui arrivent! Placez un peu de français ici, un peu de portugais par là et un nouveau monde de possibilités s’ouvre.

Cependant les mots n’étaient pas seules en moi. Ils faisaient partie de mon univers mélangés à l'art. La vie ne pouvait passer sans beauté. C’est fût donc que la traduction est tombée sur ma tête, comme la pomme est tombée sur la tête de Newton: Oh, qu’elle évidence! Finalement je pouvais écrire et penser les mots, la structure des mots ensemble, dans une logique manifeste. Dans la traduction littéraire je pouvais tracer les œuvres avec les couleurs du Brésil, sans cacher les couleurs de la France, comme dans une peinture à l'aquarelle! Désormais les mots vivraient en moi unis à la philosophie, l'écriture, la lecture comme s’ils étaient main dans la main, dans une ronde, et non comme s’ils cohabitaient.


Donc je suis devenue traductrice professionnelle.


Même les dictionnaires disent que profession rime avec formation et c’est pour cela – pour toujours apprendre de nouvelles techniques de comment travailler avec les mots - que j'ai commencé une formation en traduction littéraire. Aujourd'hui je peux peindre et formuler avec plus de sûreté, mais je suis toujours à la recherche de nouvelles formations qui viennent m’enrichir, à moi et à mon travail: écrire des contes, des techniques de traduction, l’anglais, ...


J’ai découvert qu’il y a beaucoup plus de mots en moi que je l'imaginais. Ils sont tous colorés. Hmmm ... Je mets un peu de bleu dans la traduction technique pour mettre en évidence les balises des traductions dans le domaine de la technologie de l'information, je mets du rouge sur les lèvres de la traduction en marketing et vert pour les feuilles de traductions dans le tourisme. Ensuite je corrige les tonalités de bleu, rouge et vert. Finalement tout se résout. Je regarde, en prenant du recul et je dis :


- Ça fait un beau tableau, non?

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